sexta-feira, 30 de abril de 2010

Não mais

Sei bem o que é estar fora de esquadro,
Sentir-se diferente desse estado de perfeição,
Recuar o passo por medo de rejeição,
Receando-me em tudo que faço,

Sei bem o que é sentir-se frustrado
Tentar ser certo e permanecer errado
É ter o rosto alegre e o coração amargo,
Roupa limpa e sapatos caros.

E sei que me vendo e te compro,
Somos a matilha de fies consumidora,
Nos criam a cada dia novos padrões,
De filho, beleza e compra,
Mantendo a máquina alimentada,
E toda massa alienada,


Nos querem mais iguais,
Numa mesma direção


Mas vejo o jogo diferente agora,
Não compro mais suas mentiras,
De salvação e de felicidade,
Sofro a minha condição de sonhos de mudanças,

Nos querem iguais,
Numa mesma direção,
E se um dia houver união
Eles caíram


Eu posso ver,
Estou aqui,
Vivo e forte
Indo em sua direção

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A máquina

A máquina esta a todo vapor,

Engolindo milhares de trabalhadores,

O sangue do povo alimenta os motores,

A fome é o contrato de maior valor,

É o capital de maior valor.

Engrenagem enferrujada!



Vírus corrosivo!



Engrenagem enferrujada!



Avante camarada!

Poesia Antinga "Vida, bela vida"

Vida, bela vida,


Onde escondeste as palavras bonitas de cada manhã,

Vida, bela vida,

Onde estão os meus amigos, para onde foi à felicidade de um fim de tarde,

Vida, ó vida, donde estas agora,

Se na aurora não há nem se quer poesia,

Vida, desgraçada, vida,

Este filho teu que te devora, agora come a sobra de segunda a sexta-feira,

Um dia vida minha,

Vou reler estas paginas,

Quase morto e com desgosto,

De não haver o lírico amor,

Que vi morrer na juventude da sua gloria

Poesia Antiga. "Folia"

                                                                                                         
Fila pro baile de carnaval?

Que nada essa é a fila do hospital morena

Se segura em pé

Que aqui horas a fio vamos passar,

Mantenha a paciência no assovio,

Resiste às pernas com fé,

Ate a hora de se consultar,

Doença essa de governo,

Que hospital público tem,

Pneumático fica no sereno,

Cantando as tosses do além,

Quanta gente doente,

Tanto descaso a curar,

É o pobre que sente,

As conseqüências de se adoentar.

sábado, 17 de abril de 2010

Silêncio atrás da porta


E se deixo que arraste o tempo e as horas,
vejo calmo as constantes dores de meu tormento,
insinuando a doce irrealidade que vivemos,
um flerte de  dormencia no agora,

Me calo no silêncio atrás da porta,

nas tortas palavras que não entendo,
cansando a alma atrás da resposta,
de tudo aquilo que não sabemos,

É recolhendo os sonhos nos pedaços,
espalhados no chão do quarto,
que sobra o vento pela janela,

a vida que la fora espera,
um gozo forte e farto,
de erros e de acasos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Soneto


Levo assim,
Meio que levando,
Quase que parando,
Tudo que a de mim,

E no fim,
finjo que vou sonhando,
Quase sempre imaginando,
Vou levando assim,

Passos pequenos de felicidade,
Passos rasos de porvir
Passos vagos pela cidade

E se os passos dividir
Sobrara a pegada na verdade
Uma de trilha de saudade