domingo, 12 de agosto de 2007

UMA HISTORIA DE RETALHOS

Acabei de achar essa folha em branco amassada, veio solitária e solitária voltara pelo mesmo vento que a trouxe ate mim. Meu nome é Gregório Carmelo Molina, tenho 19 anos suficientes para suportar o abandono, a solidão e moléstias que alguém como você não teria forças para continuar caminhando. Nestes parágrafos iniciais tenho apenas a vã esperança que não desapareça meu ser, que ele fique guardado neste pedaço de papel que alguém desprezou, alguém que não viu utilidade nele e o descartou, mas como dizem alguns, a males que vem para o bem, e cá estou eu com o papel ampliando meu nome alem das estatísticas, alem do epitáfio de uma cova ou da lembrança de um amor, que provavelmente nem encontre. Mas não escrevo-te para falar de mim, vim falar de você, de Carlos, Mónica e Álvares pessoas que permearam minha existência longos anos ou apenas alguns minutos como é o seu caso. Sei que deve estar curioso de saber o que direi sobre você, o que sei, e principalmente o quero de ti. Mas para sua insatisfação lhe apresento Carlos :
Conheci Carlos a um ano atrás, em um boteco no bairro da luz em São Paulo, estava la a trabalho, nesta época ocupava-me como poderei dizer; vamos chamar de C.U.D.I (cobrador de usuários de drogas ilegais) ou como gostava de disser o albano meu patrão :
_ C.U..D.I para que o grego não te procure. Era assim que ele me chamava e me pré- apresentava para seus clientes.
Carlos usuário de maconha, mantinha uma conta impecável sem atrasos ou cortes no fornecimento da droga, mas a 15 dias sumiu e deixou uma divida de 150 reais para trás.
Como o de costume cuidei de procura-lo e me apresentar pessoalmente. Achei-o na mesa, com a gravata preta desalinhada, e duas garrafas de cerveja, uma vazia e outra prestes a acabar. Sentei-me à mesa ao lado e reparei que estava preocupado, cansado de mais um dia de trabalho, ele mantinha um celular na mão direita, e a cada minuto que se passava olhava para ele. Talvez estivesse esperando alguém ou estaria atrasado para algum compromisso.
Ele pediu outra cerveja, é ai que eu entro.
_ Bebendo cristal em plena sexta-feira, traga uma bohemia pra nos Dorival. Disse isso antes que o garçon abrisse a garrafa. sentei em sua mesa e disse.
_ Viu que porcaria de time aquele santos, 2 a 0 pro palmeiras. Ele sorriu desconfiado e completou.
_ Ainda bem que sou palmerence.
_ me chamo Paulo e você ?
A partir dai, foi questão de tempo para ganhar sua confiança, parece feio, pecaminoso, eu sei, mas me responda quantas pessoas que gostavam de você, confiavam em você e você as traiu ? Não me diga nenhuma pois sabemos que é mentira, vai diga, não precisa se envergonhar, ninguém é perfeito.
Três horas e 8 garrafas e éramos grandes amigos, Carlos tinha família, uma esposa chamada Gloria e um filho de 7 anos o Guilherme. Carlos me contou que trabalhava como auxiliar administrativo a 3 anos na mesma empresa, e hoje a promoção que tanto esperava, foi dada para o funcionário mais mal caráter que ele conheceu. disse-me logo em seguida que tinha pensado em lagar o cargo, dar dois tiros na cabeça do chefe e dez na do promovido.
Nesse momento tão intimo Carlos levanta com os olhos cheios de lágrimas e sai para o banheiro, minha deixa. Espero alguns segundos e entro em seguida, não posso usar minha arma e então decido mata-lo com minhas mão, não gosto de tocar em quem mato, o cheiro delas ficam dias em mim. Quando entro no banheiro Carlos esta no chão chorando, seu vizinho acabou de lhe telefonar,com a voz tremula ele diz
_ A minha mulher esta no hospital .
Tomei como resposta para aquele choro o fato dele estar embriagado, pois o que não disse é que Carlos é o típico homem infiel. Enquanto pensava nisso Carlos sai e vai em direção ao seu fusca branco em frente ao bar.
_ Deixa que eu dirijo.
Falei com calma.
_ você esta bêbado e abalado, não quer deixar seu pivete sozinho quer ?
Não foi preciso muito para que me desse as chaves do carro, minha intenção era simples mata-lo assim que estivéssemos sozinhos, afinal para que pressa se éramos grandes amigos.
chegamos ao hospital as 02:35 da madruga de sábado, perguntou sobre a esposa na recepção, e nos contaram que ela estava em cirurgia, a moça havia dito que era um caso delicado, ela estava com uma bala alojada na cabeça. Quando nos sentamos carlos com os olhos arregalado falou um nome, mas não pude ouvir, e perguntei de quem se tratava.
_ O grego, foi o grego que atirou nela !
vejam vocês como são as coisas, meu grande amigo me acusando de lhe ter tirado a esposa. Inconformado e desesperado pede que eu até sua casa, e que pegue uma arma que acabará de comprar para se proteger. O filho da puta queria me matar assim que lhe cobrasse a divida, por sorte, neste dia, ele não estava com ela. O medico se aproximou e anunciou a morte de Gloria, nesse momento desesperador para ele, uma mulher e um homem, correm em nossa direção.
Enfio a mão na jaqueta em busca da arma e aponto na direção deles,me levanto, e saio devagar em direcção ao balcão, homem de bigode e chinelo, empurra a mulher de sua frente e tira um 38 da cintura atira 8 vezes em Carlos.
Após um tiro, paira um silencio maravilhoso, depois voltam os gritos e a correria.
Fiquei parado sem entender nada, o bigode mais conhecido como cunhado de Carlos, apertava o gatilho a cada lágrima que escorria de seu rosto pálido. Havia sangue em tudo, após a confusão a moça que estava com bigode disse o porque do assassinato de Carlos.
Sua esposa Gloria se matou após descobrir que seu marido tinha uma amante, na frente do filho pequeno, com a arma que ele tinha acabado de comprar para me matar. Fui embora preocupado e pensativo, mas aliviado por não ter me arriscado tirando a vida de um amigo.
Ainda hoje penso no órfão de pai, mãe e tio, mas fazer o que, a males que vem para o bem como dizem alguns. Para mim, não houve bem apenas outro dia, você que chegou ate o fim desta historia não se aborreça esta folha é grande e terá espaço para contar a historia de Mónica, Alvares e a sua. Apenas lembre-se que ate lá, algo imprevisível pode lhe acontecer, afinal a vida é uma piada mal contada.
escrito por: GABRIEL AFONSO





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quarta-feira, 8 de agosto de 2007

ENTRE UM CIGARRO E OUTRO

Meu sistema nervoso me faz consciente de fome.
Meus hormônios ludibriam-me para a procriação.
Sexo? tesão ? amor ?
Foi pensando no meu sistema endócrino que meu amor pela vida, vale menos que o meu vicio de nicotina

escrito por: GABRIEL AFONSO

CORVERSA A UM

Milhões de imagens
Palavras mudas
Todas elas inundam
E transbordam as margens

Linha de raciocínio nenhuma
São fleches, relâmpago surdo
Desde sempre ao infinito
Do real ao absurdo

Não existe cerca nem muro
Só vozes caladas, em palavra imaginaria .
Penso no fim do mundo
ao aluguel a ser pago

Não sei, se saber é bom.
Ou se o bom é não saber...

escrito por : GABRIEL AFONSO

Gramática

Sou um substantivo proprio

Ao mesmo tempo comum
Exigem-me adjetivos positivos
Mas se esquecem que o verbo
É produto coletivo a todos comuns substantivos.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

A CRUZ E O PARTIDO

Nas ruas cinzas e frias de São Paulo, meus passos e meu coração são pequenos perto do sentimento de frustração. Cidade grande em população, migrante, imigrante, preto e branco, muito pobre poucos ricos. Oportunidades são poucas os riscos são muitos, bala perdida, bala encomendada, bala de graça, bala da policia, bala de bandido.
Na catedral da Sé trabalhadores, moradores do centro, classe rica e classe média, fazem o sinal da cruz e entram para rezar, pedir a bênção um milagre quem sabe? Mas nas escadarias sujas dessa casa divina, meninos e meninas, homens e mulheres passam frio, cheiram cola vendem o corpo , matam e roubam e moram nela. No calor da pregação do padre, pessoas bem alimentadas pedem mais dinheiro, pedem uma casa, um amor, reza pelo filho drogado, outra agradece pelo filho, por ele não ser um daqueles da escadaria.
Na escadaria a reza chega ate Deus através da cola, que aquece o corpo e o eleva ate o nosso Senhor, cara a cara com Deus ele pede uma vida melhor, ou quem sabe um assalto gordo na próxima noite, outros choram e rezam pela morte do amigo morto pela policia na semana passada. Eu estou ali no meio vendo tudo isso sem baforar cola ou entrar na igreja e me pergunto todos eles rezam meu Deus. Todos eles pedem , clamam, imploram e ajoelham aos seus pés. Então porque, porque uns com tão pouco e outros poucos com muitos.
A fé é mesmo uma coisa engraçada todos pedem alguns são agraciados pelas divindades, me faz lembram a politica, todos votam mais alguns comem bem.
Deus é um ótimo politico.
escrito por: GABRIEL AFONSO